domingo, 7 de março de 2010

delírio fantasioso



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A descoberta de um prego do tempo da crucificação de Cristo no Ilhéu da Pontinha (Forte de S. José), foi notícia, na semana passada, em dois conhecidos jornais britânicos, o 'Daily Mirror' e o 'Daily Telegraph'. Contudo, Élvio Sousa, presidente do Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea (CEAM), entidade que efectuou escavações no local, afirma que tudo não passa de um "delírio fantasioso". De acordo com os dois matutinos, o prego terá sido encontrado num caixa, juntamente com três esqueletos e três espadas, uma delas com a inscrição da Cruz dos Templários.Citado pelos Jornais, o arqueologista Bryan Walters sublinha que o ferro usado para fabricar o prego é do mesmo tipo que o que era utilizado em milhares de crucificações pelos romanos, acrescentando que ele data do primeiro ou segundo século depois de Cristo.O 'Daily Mirror' cita também Christopher Macklin, dos Cavaleiros da Ordem de Cristo da Britânia, o qual refere tratar-se de uma descoberta importante. O templário salienta que o facto de o prego ter sido transportado durante um grande período de tempo revela que ele terá tido "um grande interesse para muita gente". Considera também que os Cavaleiros originais acreditariam que este seria um artefacto genuíno da crucificação de Cristo. As notícias do achado mereceram já a reacção do CEAM, cujos esclarecimentos deverão ser publicados nestes dias pelos jornais britânicos.Élvio Sousa garante ser "manifestamente falsa a notícia que tenham sido encontrados quaisquer objectos" no espaço alvo de escavações."Desta área (cuja expressão inglesa anuncia 'dig') foram identificados, até ao substrato rochoso, objectos que datam, apenas e unicamente, dos séculos XVIII, XIX e XX, havendo todavia alguns vestígios que podem remontar ao século XVII.". Nesse sentido, o arqueólogo sublinha que a notícia dos achados de relíquias constitui "um delírio fantasioso", que se torna ainda mais sensionalista ao se afirmar que estas foram descobertas dentro de uma caixa de madeira à beira mar, perfeitamente conservada ao longo de dois milhares de anos.Élvio Sousa assegura que o prego encontrado, "a ser do forte, não é mais do que uma tacha usada na construção de habitações durante a Época Moderna (séculos XVII e XVIII) e existe às dezenas no recheio do espólio exumado nas escavações". Além disso, afirma que a referência aos esqueletos constitui também "uma invenção com contornos de dar maior ênfase ao apócrifo". O presidente do CEAM sublinha que a opinião do Centro de Arqueologia é corroborada pelo arqueólogo e especialista da arqueologia romana Brian Philp, o qual tem acompanhado o estudo dos materiais.Em suma, Élvio Sousa diz tratar-se de "uma pura invenção, sem rigor e seriedade científicas".Contactado pelo DIÁRIO, Renato Barros, proprietário do Forte de São José, ao qual se refere como principiado, sublinha o "trabalho notável" que foi realizado pelo CEAM no Ilhéu, mas acrescenta que foi ele próprio quem encontrou as peças. Segundo disse, trata-se, por isso, de "um achado e não de uma descoberta aqueológica". Renato Barros afirma que o forte é visitado diariamente por 200 a 300 pessoas, tendo sido numa dessas visitas que "uma pessoa do Museu Britânico" tomou conhecimento das relíquias. No seguimento dessa visita, ele próprio deslocou-se a Londres onde, segundo declarou, as peças foram autenticadas pelo museu. Porém, não quis adiantar mais pormenores sobre o assunto, salientado que ele será divulgado na Madeira, em conjunto com os responsáveis do museu.

2 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Obrigado por me ter indicado o blog. Serei visita.

Pedro Sousa disse...

O que não se percebe é que, quando os destinos turísticos tentam primar ela diferença dada a elevada competitividade entre si, um arqueólogo que parece que só percebe de arqueologia tente matar "à nascença" algo que poderia transformar-se num potencial turístico extremamente interessante, não só para o Principado, território independente, mas também para a sua vizinha Madeira.
Será que o curso de arqueologia não tem uma cadeira de turismo, atendendo a que esse Senhor veio "praticar" numa terra de turismo?...
Sinceramente...